Ter melhores salários é justo e possível

Greve parou <i>Europac</i> Viana

A grande adesão à greve, das 16 horas de sá­bado até às 24 horas de terça-feira, parou toda a pro­dução, tanto de energia, como de pasta e papel, na an­tiga Por­tucel Viana.

A Eu­ropac dis­cri­mina quem foi ad­mi­tido há menos tempo

A Eu­ropac Kraft Viana faz parte do grupo es­pa­nhol que lhe deu nome e li­dera a pro­dução de papel ca­ne­lado para em­ba­lagem na Pe­nín­sula Ibé­rica. A fá­brica está ins­ta­lada em De­o­criste, no con­celho de Viana do Cas­telo, e em­prega mais de 300 pes­soas. Na re­visão do acordo de em­presa, a ad­mi­nis­tração não cor­res­pondeu às «justas e pos­sí­veis pre­ten­sões dos tra­ba­lha­dores», ex­plica o SITE Norte, da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN, num co­mu­ni­cado de se­gunda-feira. As rei­vin­di­ca­ções in­cluem, de­sig­na­da­mente: um au­mento sa­la­rial mí­nimo de 40 euros, um re­gime de diu­tur­ni­dades igual para todos os tra­ba­lha­dores e uma me­lhoria do sub­sídio de turno.

Os tra­ba­lha­dores mais jo­vens, ad­mi­tidos nos úl­timos quinze anos, são ví­timas de uma in­justa dis­cri­mi­nação sa­la­rial, uma vez que exe­cutam, na ge­ne­ra­li­dade dos casos, as mesmas fun­ções que os ca­ma­radas mais an­tigos, mas têm sa­lá­rios mais baixos e um re­gime de diu­tur­ni­dades mais des­fa­vo­rável – re­fere o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores das In­dús­trias Trans­for­ma­doras, Energia e Ac­ti­vi­dades do Am­bi­ente do Norte.

O SITE Norte afirma que existe na fá­brica «um clima de in­sa­tis­fação geral», de­vido a «uma dis­tri­buição de­si­gual de be­ne­fí­cios li­gados aos bons re­sul­tados da em­presa nos úl­timos anos». Cita, con­cre­ta­mente, os mais de 50 mi­lhões de euros re­gis­tados em 2010.

Na úl­tima reu­nião, de um pro­cesso ne­go­cial ini­ciado em Ou­tubro, a ad­mi­nis­tração propôs uma ac­tu­a­li­zação sa­la­rial de 1,8 por cento, as­se­gu­rando um au­mento mí­nimo de 20 euros, o que foi con­si­de­rado in­su­fi­ci­ente.

O sin­di­cato de­fende que a Eu­ropac Kraft Viana tem con­di­ções para cor­res­ponder à pro­posta dos tra­ba­lha­dores e sa­li­enta que a em­presa nem se­quer in­voca di­fi­cul­dades para não o fazer. A ad­mi­nis­tração apenas alega que não aceita me­lhorar o AE, no­me­a­da­mente no re­gime de diu­tur­ni­dades, e «pura e sim­ples­mente man­teve-se ca­lada de­pois do nosso pré-aviso de greve», como re­latou à agência Lusa um di­ri­gente do sin­di­cato. Se­gundo Au­gusto Silva, há ac­tu­al­mente di­fe­renças que chegam aos 250 euros men­sais, em fun­ções idên­ticas, de­vido à dis­cri­mi­nação no re­gime de diu­tur­ni­dades.

O mesmo di­ri­gente, ci­tado na qua­li­dade de porta-voz da Co­missão de Tra­ba­lha­dores, adi­antou an­te­ontem à tarde que o pes­soal de­cidiu es­perar até 15 de Abril por uma nova pro­posta da ad­mi­nis­tração. Caso esta não acon­teça ou não seja sa­tis­fa­tória, «po­de­remos voltar às greves, sec­to­riais ou no­va­mente ge­rais», ad­mitiu.

 

Ta­ba­queira

 

Na reu­nião, em fase de con­ci­li­ação, que teve lugar dia 22, no Mi­nis­tério do Tra­balho, a ad­mi­nis­tração da Ta­ba­queira voltou a re­cusar au­mentar os sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores, des­res­pei­tando com­pro­missos que as­sumiu na re­visão sa­la­rial de 2010 – acusou o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da Agri­cul­tura e das In­dús­trias de Ali­men­tação, Be­bidas e Ta­bacos de Por­tugal. No dia da reu­nião o Sintab/​CGTP-IN pro­moveu uma con­cen­tração de tra­ba­lha­dores da Ta­ba­queira e ac­ti­vistas sin­di­cais, na Praça de Lon­dres, para re­forçar a exi­gência de um au­mento sa­la­rial digno e tra­balho com di­reitos.

«A co­mu­ni­cação so­cial primou pela sua au­sência, quer pre­sen­cial quer in­for­ma­tiva, desta luta dos tra­ba­lha­dores de uma das mai­ores em­presas a la­borar em Por­tugal», assim mos­trando que «as no­tí­cias que passam são aquelas que dão mais au­di­ên­cias e não as que possam in­te­ressar ao povo por­tu­guês», as­si­nalou o Sintab.

Na re­visão do AE, em 2010, a Ta­ba­queira com­pro­meteu-se a repor qual­quer di­fe­rença que vi­esse a re­gistar-se, entre a ac­tu­a­li­zação de um por cento e a taxa de in­flação, que se fixou em 1,4 por cento. Tal ainda não acon­teceu, apesar de a em­presa estar fi­nan­ceira e eco­no­mi­ca­mente sau­dável. Os tra­ba­lha­dores «não aceitam uma po­sição que con­si­deram ser me­ra­mente po­lí­tica», afirma o sin­di­cato.



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